São Joaquim e Sant'Ana
No dia 26 de Julho a Igreja comemora os avós de Jesus; pais de Nossa Senhora. Deus abençoou o matrimônio, e São Joaquim e Santa Ana, já anciãos, concebem um filho: a Imaculada Virgem Maria
Ana e Joaquim, esposos judeus exemplares, viveram uma época crucial da história da Igreja da salvação, no momento em que estava para ser cumprida a promessa de Deus a Abraão, e a humanidade estava prestes a receber a resposta esperada pelos justos do Antigo Testamento, que aguardavam a consolação de Israel.
Ouvimos as palavras do Salmo 131, sobre a fidelidade de Deus à sua promessa: “O Senhor jurou a David: verdade da qual nunca se afastará “o fruto do teu ventre hei-de colocar sobre o teu trono!” […] Realmente, o Senhor escolheu Sião, desejou-a para sua morada: “Este será para sempre o lugar do meu repouso, aqui habitarei, porque o escolhi”” (vv. 11.13).
Sem dúvida, Ana e Joaquim pertenciam ao grupo daqueles judeus piedosos que esperavam a consolação de Israel, e precisamente a eles foi dada uma tarefa especial na história da salvação: foram escolhidos por Deus, para gerar a Imaculada que, por sua vez, é chamada a gerar o Filho de Deus.
Conhecemos os nomes dos pais da Bem-Aventurada Virgem através de um texto não canônico, o Protoevangelho de Tiago. Eles são citados na página que precede o anúncio do Anjo a Maria. Esta sua filha não podia deixar de irradiar aquela graça totalmente especial da sua pureza, a plenitude da graça que a preparava para o desígnio da maternidade divina.
Podemos imaginar quanto receberam dela estes pais, ao mesmo tempo que cumpriam o seu dever de educadores. (…) Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares, mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela recitação multiforme dos Salmos e pela evocação de uma vida entregue a Deus.
Teremos nós os olhos e os ouvidos abertos para reconhecer um mistério tão excelso? Peçamos a Santa Ana e a São Joaquim não só para ver e ouvir a mensagem de Deus, mas inclusive para participar com amor pelas pessoas com as quais nos encontrarmos, no seu amor, em particular transmitindo luz e esperança a todas as nossas famílias. Confiemos de maneira especial a Santa Ana as mães, sobretudo as que são impedidas na defesa da vida nascente ou que encontram dificuldades para criar e educar os seus filhos. (…)
Existe mais um aspecto, que gostaria de ressaltar: Santa Ana e São Joaquim podem ser tomados como modelo também pela sua santidade vivida em idade avançada. Em conformidade com uma antiga tradição, eles já eram idosos quando lhes foi confiada a tarefa de dar ao mundo, conservar e educar a Santa Mãe de Deus.
Na Sagrada Escritura, a velhice é circundada de veneração (cf. 2 Mac 6, 23). O justo não pede para ser privado da velhice e do seu peso; ao contrário, ele reza assim: “Vós sois a minha esperança, a minha confiança, Senhor, desde a minha juventude… Agora, na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus, para que eu narre às gerações a força do vosso braço, o vosso poder a todos os que hão-de vir” (Sl 71 [70], 5-18).
Com a sua própria presença, a pessoa idosa recorda a todos, e de maneira especial aos jovens, que a vida na terra é uma “curva”, com um início e com um fim: para experimentar a sua plenitude, ela exige a referência a valores não efémeros nem superficiais, mas sólidos e profundos.
Infelizmente, um elevado número de jovens do nosso tempo estão orientados para uma concepção da vida em que os valores éticos se tornam cada vez mais superficiais, dominados como são por um hedonismo imperante. O que mais preocupa é o facto de que as famílias se desagregam na medida em que os esposos atingem a idade madura, quando teriam maior necessidade de amor, de assistência e de compreensão recíproca.
Os idosos que receberam uma educação moral sadia deveriam demonstrar, mediante a sua vida e o próprio comportamento no trabalho, a beleza de uma sólida vida moral. Deveriam manifestar aos jovens a profunda força da fé, que nos foi transmitida pelos nossos mártires, e a beleza da fidelidade às leis divinas da moral conjugal.
Há tempos, dirigiu-se-me um grupo de católicos japoneses, desejosos de constituir uma Pia Associação, inspirada em Joaquim e Ana, que reúne casais da chamada “terceira idade”, dedicadas precisamente à promoção dos ideais de vida que acabei de expor.
Para terminar, desejo propor a todos vós aqui presentes, a oração que eles recitam diariamente:
Ó São Joaquim e Santa Ana protegei as nossas famílias desde o início promissor até à idade madura repleta dos sofrimentos da vida e amparai-as na fidelidade às promessas solenes. Acompanhai os idosos que se aproximam do encontro com Deus. Suavizai a passagem suplicando para aquela hora a presença materna da vossa Filha ditosa a Virgem Maria e do seu Filho divino, Jesus! Amém.
São Joaquim e Sant'Ana, rogai por nós!
Homilia do Cardeal Tarcisio Bertone na Festa Litúrgica dos Santos
Pais de Nossa Senhora – Paróquia de Santa Ana no Vaticano
26 de Julho de 2007
MARTIROLÓGIO ROMANO
26/07
1. Memória de São Joaquim e Santa Ana, pais da Imaculada Virgem Mãe de Deus, cujos nomes foram conservados pelas antigas tradições cristãs.
(† Sec I)
2. Comemoração de Santo Erasto, que era tesoureiro na cidade de Corinto e se tornou auxiliar no ministério do Apóstolo São Paulo.
(† Sec. I)
3. No mosteiro de São Bento Pó, próximo de Mântua, na Itália, São Simeão, monge e eremita.
(† 1016)
4*. Em Auch, na Aquitânia, atualmente na França, Santo Austindo, bispo, a quem se deve a construção da catedral, a reforma dos costumes do povo e a edificação da casa de Deus.(† 1068)
5*. Em Verona, hoje no Véneto, região da Itália, os beatos Evangelista e Peregrino, presbíteros.
(† s. XII-XIII)
6*. Em Sassoferrato, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, o Beato Hugo de Áctis, monge da Congregação dos Silvestrinos da Ordem de São Bento.
(† 1250)
7*. Em San Severino, também na região das Marcas, a Beata Camila Gentíli, mártir, que foi assassinada pelo seu ímpio esposo.
(† s. XIV/XV)
8*. Em Gateshead, próximo de Newcastle-on-Tyne, na Inglaterra, o Beato João Ingram, presbítero e mártir, que, de origem inglesa, foi ordenado na Basílica de Latrão e exerceu o ministério sacerdotal na Escócia, até que, tendo atravessado a fronteira da Inglaterra, no reinado de Isabel I foi condenado à morte e enforcado por causa do sacerdócio.
(† 1594)
9*. Em Darlington, também na Inglaterra, o Beato Jorge Swallowell, mártir, que, no mesmo ano, foi condenado à morte por se ter reconciliado com a Igreja católica e, apesar de fortemente aterrorizado com as cruéis torturas dos inimigos, fortalecido pela fé, aceitou por Cristo os mais atrozes tormentos.
(† 1594)
10*. Em Lencastre, também na Inglaterra, os beatos Eduardo Thwing, da Ordem dos Pregadores, e Roberto Nutter, presbíteros e mártires, que, depois de terem realizado muitos trabalhos na vinha do Senhor, condenados à morte por serem sacerdotes, consumaram o seu glorioso martírio no reinado de Isabel I.
(† 1600)
11*. Em Londres, também na Inglaterra, o Beato Guilherme Webster, presbítero e mártir, que, depois de ter exercido o ministério durante mais de vinte anos em diversas prisões, no reinado de Carlos I, por ordem do parlamento, foi encarcerado por causa do sacerdócio e consumou o martírio no patíbulo de Tyburn.
(† 1641)
12*. Em Phu Yen, no Anam, hoje no Vietnam, o Beato André, mártir, que era catequista, quando, na perseguição contra a doutrina cristã foi impiamente capturado pelos soldados e derramou o seu sangue por Cristo, como primícias da Igreja nesta terra.
(† 1644)
13*. Num barco-prisão ancorado ao largo de Rochefort, os beatos Marcelo Gauchério Labigne de Regnefort, da Sociedade das Missões, e Pedro José Le Groing de La Romagère, presbíteros e mártires, que, durante a Revolução Francesa, foram capturados – o primeiro na região de Limoges, o segundo na região de Bourges – e encarcerados em condições desumanas em ódio à sua religião. Morreram consumidos pela exaustão e enfermidade.
(† 1794)
14*. Em Orange, também na França, as beatas Maria Margarida Bonnet (Santo Agostinho) e quatro companheiras[1], virgens da Ordem de Santa Úrsula, que sofreram o martírio na mesma perseguição. [1] São estes os seus nomes: Maria Madalena de Justamont (Catarina de Jesus), Ana Cartier (São Basílio), Maria Clara du Bac (Clara de Santa Rosália), Isabel Teresa Consolin (Coração de Jesus). († 1794)
15. Em Lóvere, na Lombardia, região da Itália, Santa Bartolomeia Capitânio, que, juntamente com Santa Vicenta Gerosa, fundou o Instituto da Caridade de Maria Menina e morreu aos vinte e sete anos de idade, vítima da tuberculose e exausta pelo zelo da caridade.
(† 1833)
16*. Em Motril, próximo de Granada, no litoral da Espanha, os beatos Vicente Pinilla, da Ordem dos Agostinhos Recoletos, e Manuel Martin Sierra, presbíteros e mártires, que no dia seguinte ao martírio de cinco companheiros, foram arrebatados da igreja e fuzilados.
(† 1936)
17♦. Em Villanueva del Arzobispo, na Andaluzia, também na Espanha, o Beato Mariano de São José (Tiago Altolaguirre Altolaguirre), presbítero da Ordem da Santíssima Trindade e mártir, que, na mesma perseguição, mereceu receber a sublime palma da glória celeste.
(† 1936)
18♦. Em Castellgali, na Catalunha, também na Espanha, as beatas Reginalda Picas Planas e Rosa Jutglar Gallart, virgens da Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciata e mártires, que, durante a perseguição religiosa, foram encarceradas e depois assassinadas por causa da sua fidelidade a Cristo Esposo.
(† 1936)
19*. No campo de concentração de Dachau, próximo de Munique, na Alemanha, o Beato Tito Brandsma, presbítero da Ordem dos Carmelitas e mártir, de origem holandesa, que, por defender a Igreja e a dignidade do homem, suportou serenamente todo o género de vexames e torturas, manifestando um exemplo de exímia caridade, tanto para com os seus companheiros de prisão como para com os próprios algozes.
(† 1942)
20♦. Em Centonara D´Artò, localidade da província de Novara, na Itália, a Beata Maria Pierina de Micheli (Josefina Maria de Micheli), virgem do Instituto das Filhas da Imaculada Conceição de Buenos Aires.
(† 1945)
21*. Em La Valetta, na ilha de Malta, São Jorge Preca, presbítero, que se dedicou ardorosamente à formação catequética dos jovens e fundou a Sociedade da Doutrina Cristã para dar testemunho da ação providencial da palavra de Deus entre o povo.
(† 1962)