Dedicação às Basílicas de São Pedro e São Paulo
AO DEDICAR um templo para adoração, esse edifício deixa de ser um lugar comum para se tornar um espaço sagrado, cujo propósito será o de dar glória a Deus. A parte central do rito de dedicação é a consagração do altar que, estando totalmente nu, é ungido com o óleo do crisma no centro e nos seus quatro cantos. Em seguida, é incensado, e revestido com as toalhas de altar, flores, velas e a cruz. O celebrante, com uma vela acesa na mão, invoca a “luz de Cristo”, à semelhança do que se faz durante a Vigília Pascal.
Assim como um templo, todos os cristãos fomos consagrados a Deus em nosso batismo e ungidos no peito com o santo crisma. Também nós recebemos uma vela, acesa com a chama do círio pascal, para que sejamos fontes de luz no mundo. Podemos colaborar com entusiasmo na edificação da Igreja porque somos “pedras vivas” (1 Pe 2,5) deste edifício sobrenatural. Pedro e Paulo, essas duas testemunhas da fé, são admiráveis não tanto por possuírem habilidades incomparáveis, mas sim porque, no centro da sua história, “está o encontro com Cristo que lhes mudou a vida. Fizeram a experiência de um amor que os curou e libertou e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros de libertação para os outros.
“Pedro conheceu pessoalmente Maria e no diálogo com ela, especialmente nos dias que precederam o Pentecostes (cf. At 1, 14), pôde aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo. Paulo, ao anunciar o cumprimento do desígnio salvífico ‘na plenitude dos tempos’, não deixou de recordar a ‘mulher’ da qual o Filho de Deus nascera no tempo (cf. Gl 4, 4)”. Pedimos a ela que, seguindo o exemplo de São Pedro e de São Paulo, abracemos em nossas vidas a aventura de construir a Igreja.
SOBRE AS BASÍLICAS
Em 323 o imperador Constantino começou a construir a basílica de São Pedro, atendendo a apelos de sua mãe, Santa Helena. Ela foi construída no local onde São Pedro foi sepultado. Durante dois séculos foi preservada sua concepção original. Depois a construção foi se deteriorando.
As grandes basilicas foram construídas no período que vai de Constantino a Justiniano. A Basílica de São Paulo extramuros localiza-se ao longo da Via Ostiense, próximo à margem esquerda do Tibre e a aproximadamente 2 km da Muralha Aureliana, saindo pela Porta São Paulo, resultando o nome: fora dos muros, extramuro.
A dedicação da basilica de São Pedro foi feita pelo papa Silvestre, cujo pontificado ocorreu de 314 a 335. A basilica de São Paulo foi dedicada pelo papa Siricio, que pontificou de 384 a 399.
A FESTA
Hoje celebramos a Dedicação dessas duas basílicas. No pontificado do papa Júlio II decidiu-se derrubar a velha igreja de São Pedro. Em 18 de abril de 1506, Bramante recebeu o encargo de desenhar a nova igreja. O arquiteto Bramante desenhou um edifício centralmente planificado, com um domo colocado sobre o centro de uma cruz grega, com braços de idêntico tamanho, forma que correspondia aos ideais da Renascença.
Os anos foram passando. Bramante foi sucedido por Rafael, Fra Giocondo, Giuliano da Sangallo, Baldassare Peruzzi, Antonio da Sangallo. O Papa Paulo III, em 1546, entregou a direção dos trabalhos a Michelangelo. Este, já com 72 anos, ficou fascinado com o domo, concentrando nele seus esforços, mas não conseguiu completá-lo antes de sua morte, em 1564. Vignola, Pirro Ligorio, Giacomo della Porta continuaram os trabalhos na basílica.
O domo tem diâmetro de 42 metros e altura de 132,5 metros. Graças aos planos de Michelangelo e a um modelo em madeira, Giacomo della Porta foi capaz de terminá-lo, com ligeiras modificações. Terminado em 1590, ainda é uma das maravilhas da arquitetura ocidental.
O papa Paulo V encarregou Carlo Maderno de aumentar a nave, criando uma cruz latina. Completou também em 1614 a famosa fachada.
O papa Urbano VIII dedicou a nova igreja em 18 de novembro de 1626, exatamente 1.300 anos depois da data em que a primeira basílica fora dedicada, e 126 anos após o inicio da nova construção.
Em 1629, Bernini começou a construir as torres sineiras na fachada, que ruíram por deficiências estruturais. Trinta anos mais tarde Bernini redesenhou a Praça de São Pedro, mudando alguns aspectos do domo de Michelangelo e, sobretudo, unificando todos os edifícios em um conjunto harmonioso.
Os trabalhos terminaram quando se acrescentou uma sacristia, sob o pontificado de Pio VI (1775-1799).
A Basílica de São Pedro é a maior de todas as igrejas católicas, a Igreja. Ela cobre área de 23000 m² e comporta mais de 60 mil pessoas.
Segundo a tradição, também a Basilica de São Paulo foi construída sobre seu túmulo, que fica debaixo do altar maior, dito altar papal. Por esta razão houve, ao longo dos séculos, um grande movimento de peregrinação. A partir do século XIII, data do primeiro Ano Santo, faz parte do itinerário jubilar para obter-se indulgência e ver celebrar a abertura da Porta Santa.
Há uma estátua de São Paulo em frente à entrada da basílica. A construção tem 131,66 m de comprimento, largura de 65 m e altura de 29,70 m. É também uma construção imponente e representa pela grandeza a segunda dentre as quatro basílicas patriarcais de Roma. A atual basílica é uma reconstrução do século XVIII da antiga basílica do tempo de Costantino.
A basílica, e todo o complexo anexo, como o claustro e o mosteiro, não fazem parte da República Italiana, mas são propriedades da Santa Sé, mesmo estado fora dos muros da cidade do Vaticano.
ILUMINAÇÃO BÍBLICA EM NOSSA VIDA
O templo é um lugar especial de encontro com Deus. A festa da Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo e, mais ainda, o exemplo de vida que os dois santos nos deixaram, são um convite para meditarmos nas palavras de Jesus que encontramos em João 14, 23: “Se alguém me ama, guarda minha palavra; meu Pai o amará, viremos a ele e nele faremos morada.”
MARTIROLÓGIO ROMANO
18/11
1. Dedicação das basílicas de São Pedro e de São Paulo, Apóstolos. A primeira foi edificada pelo imperador Constantino sobre o sepulcro de São Pedro na colina do Vaticano e, deteriorada com o passar do tempo, foi restaurada com maior amplitude e de novo consagrada neste dia. A segunda, edificada pelos imperadores Teodósio e Valentiniano junto à Via Ostiense, depois consumida por um funesto incêndio e totalmente restaurada, foi dedicada no dia dez de Dezembro. Nesta comum comemoração é simbolicamente evocada a fraternidade dos Apóstolos e a unidade da Igreja.
(† 1626, 1854)
2. Em Antioquia, na Síria, hoje Antakya, na Turquia, São Romão, mártir, que, sendo diácono da Igreja de Cesareia, ao ver como os cristãos, na perseguição de Diocleciano, obedeciam aos seus decretos e se aproximavam das estátuas dos ídolos, os exortou publicamente à resistência e, por isso, depois de cruéis tormentos e de lhe cortarem a língua, estrangulado no cárcere consumou o seu glorioso martírio.
(† 303)
3*. Em Le Colombier, na região de Bourges, na Aquitânia, território da atual França, São Pátroclo, presbítero, que foi eremita e missionário.
(† c. 576)
4*. Na Bretanha Menor, também na atual França, São Maudeto, abade, que se entregou à vida monástica numa ilha deserta e, como mestre espiritual, reuniu muitos santos entre o número dos seus discípulos.
(† s. V)
5*. Em Coutances, na Nêustria, também na hodierna França, São Romacário, bispo.
(† s. VI)
6*. Na região de Velay, na Aquitânia, hoje também na França, São Teofredo, abade e mártir.
(† c. 752)
7. Em Tours, na Nêustria, atualmente também na França, o passamento de Santo Odão, abade de Cluny, que renovou a observância monástica segundo a Regra de São Bento e a disciplina de São Bento de Aniano.
(† 942)
8*. Em Nagasáki, no Japão, os beatos mártires Leonardo Kimura, religioso da Companhia de Jesus, André Murayama Tokuan, Cosme Takeya, João Yoshida Shoun e Domingos Jorge, que, pelo nome de Cristo foram queimados vivos.
(† 1619)
9. Em Saint Charles, cidade do Missouri, nos Estados Unidos da América do Norte, Santa Filipa Duchesne, virgem, das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, que, nascida na França, durante a Revolução Francesa reuniu a comunidade religiosa e, partindo para a América, ali abriu muitas escolas.
(† 1852)
10*. Em Ceccano, perto de Frosinone, na Itália, o Beato Grimoaldo da Purificação (Fernando Santamaria), religioso da Congregação da Paixão, que, quando se preparava com fervor e alegria para o sacerdócio, consumido pela enfermidade, morreu santamente.
(† 1902)
11*. Em Wal-Ruda, localidade da Polónia, a Beata Carolina Koska, virgem e mártir, que, no fragor da guerra, por defender a sua castidade ameaçada por um soldado, foi atravessada por uma espada e morreu ainda adolescente por Cristo.
(† 1914)
12*. Em Madrid, na Espanha, as beatas Maria do Amparo (Maria Gabriela Hijonosa y Naveros) e cinco companheiras[1], virgens da Ordem da Visitação de Santa Maria e mártires, que durante a perseguição religiosa permaneceram encerradas no mosteiro, mas traiçoeiramente capturadas pelos milicianos e fuziladas, foram ao encontro do Esposo, Jesus Cristo.
[1] São estes os seus nomes: Teresa Maria (Laura Cavestany y Anduaga), Josefa Maria (Maria do Carmo Barrera e Izaguirre), Maria Inês (Inês Zudaire y Galdeano), Maria Ângela (Martinha Olaizola y Garagarza) e Maria Engrácia (Josefa Joaquina Lecuona y Aramburu).
(† 1936)
13♦. Em Lorca, perto de Múrcia, também na Espanha, os beatos mártires José Maria Cánovas Martínez, presbítero da diocese de Cartagena, e cinco religiosos[2] da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, que, durante a perseguição contra a Igreja, receberam dos homens a morte, mas de Deus a vida eterna.
[2] São estes os seus nomes: Ovídio Bertrão (Estêvão Anuncibay Letona), Hermenegildo Lourenço (Modesto Sáez Manzanares), Luciano Paulo (Germano Garcia Garcia), Estanislau Vitor (Crisógono Cordero Fernandez), Lourenço Tiago (Emílio Martínez de la Pera y Álava).
(† 1936)
14♦. Em Paracuellos de Jarama, próximo de Madrid, também na Espanha, o Beato Vidal Luís Gómara, presbítero da Ordem dos Pregadores e mártir, que, durante a mesma perseguição derramou o seu sangue por Cristo.
(† 1936)
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