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Foto do escritorJackson Erpen

Santa Maria, Mãe da Igreja



"No alto da cruz, quando Jesus dá à Mulher o discípulo amado por seu filho (Jo 19, 26), a Virgem Maria recebe, por herança, a filiação de toda humanidade, ora representada por João, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja, gerada por Cristo com o envio do Espírito Paráclito."


Na primeira Missa celebrada na memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, em 21 de maio de 2018, o Papa Francisco recordou que os Evangelhos se referem a Maria em um contexto de maternidade. “As palavras de Nossa Senhora são palavras de mãe (...), e os Padres da Igreja compreenderam bem isto e entenderam também que a maternidade de Maria não termina com ela; vai além”. Os Padres, completou o Papa, “afirmam sempre que Maria é mãe, a Igreja é mãe e a sua alma é mãe: há algo de feminino na Igreja, que é «maternal». Por conseguinte, explicou, “a Igreja é feminina porque é ‘igreja’, ‘esposa’: é feminina e é mãe, dá à luz”. Portanto, é “esposa e mãe”, mas “os Padres vão além e dizem: “Inclusive a sua alma é esposa de Cristo e mãe””. Dando continuidade ao programa precedente, quando falou de Maria, modelo da Igreja como Mãe, padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre “Maria Mãe da Igreja”:

"Quando dizemos que Maria é Mãe da Igreja estamos confirmando o seu papel singular na Encarnação, gerando em seu seio o Filho de Deus feito carne e dando-o para a Salvação do mundo. Cristo é a cabeça da Igreja, (Ef 1,22) nós seus membros, (1Cor 12,27). Se Maria é Mãe de Jesus cabeça do Igreja que é um corpo, não poderá deixar de ser também mãe dos seus membros. É o argumento de Santo Agostinho, citado em Lumen Gentium número 53. Maria é mãe de todos os homens pela graça de Cristo Redentor.

O título “Mãe da Igreja” foi utilizado pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão (338 - 397). Se o título de Maria Mãe da Igreja tem raízes nos primeiros tempos do cristianismo - e já está presente no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325, e já os Padres do Concílio de Éfeso (430) haviam definido Maria como "verdadeira mãe de Deus" – esse título “Mãe de Deus” retorna no Magistério de Bento XIV e Leão XIII. Maria, modelo da Igreja como Mãe A Mariologia do jesuíta Hugo Rahner (irmão de Karl Rahner) segue a doutrina de Ambrósio de Milão, sobre o papel de Maria Santíssima na Igreja. Sua interpretação, baseada exclusivamente em Ambrósio, influenciou grandemente o Vaticano II, sendo que a Constituição Dogmática Lumen Gentium declara que Maria é a Mãe da Igreja, uma perspectiva continuada pelos próximos papas, João Paulo II, que cita o título em sua Encíclica Redemptoris Mater e Bento XVI, que creditam aos Rahner especificamente este ponto.

Foi o Papa Paulo VI, no final da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, a declarar a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima". Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu nas Ladainhas Lauretanas a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica declara: “A Virgem Maria... É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor.... Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja” (CIC, 963s).

A Lumen Gentium declara assim: “O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade” (LG, 60). Estas palavras da Constituição Dogmática foram recordadas pelo Papa João Paulo II, por ocasião da homilia da dedicação da Basílica de Aparecida, no Brasil, em 1980. O Papa então dizia: Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia... e de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece”.

No alto da cruz, quando Jesus dá à Mulher o discípulo amado por seu filho (Jo 19, 26), a Virgem Maria recebe, por herança, a filiação de toda humanidade, ora representada por João, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja, gerada por Cristo com o envio do Espírito Paráclito.

Na primeira segunda-feira após Pentecostes, a Igreja celebra a memória da Virgem Maria Mãe da Igreja, um título que tem raízes profundas, e que foi inserido no Calendário Litúrgico Romano em maio de 2018, por desejo do Papa Francisco. No Decreto Ecclesia Mater da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, fica estabelecido que a festa seja celebrada na segunda-feira após Pentecostes. Dizia nosso Papa: “Gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen Gentium: “A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio” (LG, 63). Em outro momento rezou o Papa Francisco: “Maria, mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer”."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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