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Sérgio Fadul / Arautos do Evangelho

São Gregório de Nissa, São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno


São Basílio Magno

Basílio foi um bispo venerável e um doutor distinto, cuja vida foi escrita por Anfilóquio, bispo de Icônio. Basílio nasceu em Cesareia da Turquia, antiga Capadócia, no ano 329. Pertencia a uma família de santos. Seu avô morreu mártir na perseguição romana. Sua avó era Santa Macrina e sua mãe, Santa Amélia. A irmã, cujo nome homenageia a avó, era religiosa e se tornou santa. Também, seus irmãos: São Pedro, bispo de Sebaste e São Gregório de Nissa, e seu melhor amigo São Gregório Nazianzeno, são honrados pela Igreja.


Eles estão juntos no calendário litúrgico porque tiveram as mesmas aspirações à santidade, os mesmos níveis culturais e alimentaram a mesma chama de vocação à vida monástica. São Basílio é o pioneiro da vida cenobítica no Oriente.


Basílio estudou em Atenas e Constantinopla. Mas, foi sua irmã Macrina que o levou para a vida religiosa. Ela havia fundado um mosteiro onde as religiosas progrediam muito em santidade. Basílio decidiu ir para o Egito aprender com os monges do deserto este modo de viver em solidão. Voltou, consagrou-se monge e escreveu suas famosas “Constituições”, a primeira Regra de vida espiritual destinada aos religiosos. Neste livro se basearam os mais famosos fundadores de comunidades ao redigir os Regulamentos de suas Congregações. Basílio foi eleito bispo de Cesareia, e nesta época o representante do Império tentou fazer com que ele renegasse a Fé, mas ele não o fez. Mesmo tendo a saúde muito frágil, Basílio o enfrentou com um discurso tão eloquente, que este representante desistiu de castigá-lo, percebendo sua admirável santidade e porque já era venerado pelo povo.


Por sua oratória maravilhosa, seus admiráveis escritos e suas inúmeras obras de assistência, que fez em favor do povo, foi chamado “Basílio Magno”. Era amado por cristãos, judeus e pagãos. Além de sua arrebatadora eloquência, Basílio mantinha uma intensa atividade em favor dos pobres.


São Gregório de Nissa: o maior teólogo da Capadócia

1. Vida


Seu nascimento deu-se provavelmente em 335. Foi educado por seu irmão, São Basílio, mas depois teve uma vida mundana, sendo professor de retórica e contraindo matrimônio – do que se lamentará no futuro. Por influência de seu irmão e de São Gregório Nazianzeno, abandonou a vida no mundo enclausurando-se num mosteiro. Sua mãe e sua irmã também ingressaram na vida religiosa. Em 371, por aclamação popular, foi elevado à sede episcopal de Nissa – um insignificante distrito da Cesárea. Neste período, sofreu muito com a perseguição dos hereges, que o acusavam de desonestidades em matéria financeira. Seu irmão o repreendeu diversas vezes por sua falta de pulso firme. Vários bispos arianos, durante uma ausência do santo Bispo de Nissa, depuseram-no da sede episcopal. À morte do imperador Valente – ariano –, São Gregório voltou à sua cidade onde foi aclamado por todo o povo de maneira muito viva. Em 381, teve uma parte extremamente relevante no concílio de Constantinopla. O resto de sua vida é envolta em nuvens de mistério. Quasten afirma que sua morte foi em 385. Drobner, Ramos-Lissón, Llorca, Altaner e Stuiber situam sua morte entre 394 e 396.


Afirmam os historiadores que, pela sua eloquência, era lhe rendido um grande prestigio na corte imperial. Além do mais, ficou conhecido, em vida, como “o Filósofo”.


2. Obras


Assim escreve Johannes Quasten: “Gregório de Nisa não foi um extraordinário administrador e um legislador monástico como Basílio, nem um pregador e poeta atraente como Gregório de Nazianzo. Mas como teólogo especulativo e místico foi, sem dúvida, o melhor dos três grandes capadócios.”


De suas obras conhecem-se as seguintes: Adversus Eunomium; Adversus Apollinaristas ad Theophilum episcopum Alexandrinum; Antirrheticus adversus Apollinarem; Sermo de Spiritu Sancto adversus Pneumatomachos Macedonianos; Ad Ablabium quod non sint tres dii; Ad Graecos ex communibus nationibus; Ad Eustathium de Sancta Trinitate; ad Simplicium de fide sancta; Dialogus de anima et resurrectione qui inscribitur Macrina; Contra Fatum; Oratio catechetica magna; De opificio hominis; de beatitudinis; Duas homilías sobre I Coríntios; De virginitate; Quid nomen professione Christianorum sibi velit; De perfectione et qualem oporteat ese Christianum; De instituto Christiano; De castigatione; Vita Macrinae; e um grande número de sermões, panegíricos e discursos sobre diversos temas.


Suas obras recebem bastante influência da filosofia de Platão. Segundo Daniélou, o santo capadócio hauriu de Plotino a mística, de Porfírio a lógica e a ontologia, e de Jâmblico a cosmologia. Quanto à sua formação doutrinária cristã, os autores são praticamente unanimes em ver a influência de São Basílio.


Alguns estudiosos – especialmente Usener – atacaram a autenticidade de algumas obras, mas com argumentos pouco convincentes. Usener tenta atacar um Sermão para o Natal, pelo fato de utilizar o termo Theotokos aplicado à Nossa Senhora muitos anos antes do Concílio de Éfeso – ataque este que não impressiona os críticos e foi refutado por Holl.


3. Doutrina


a) Exposição sistemática da doutrina cristã


Depois de Orígenes, deve-se a ele a primeira exposição sistemática da doutrina cristã. Suas especulações superam as preocupações doutrinárias de seu tempo e contribuem muito para a teologia. A principal obra referente à sistematização da doutrina cristã é sua Oratio Catechetica Magna.


b) Filosofia


Sua ligação com a filosofia é patente, sobretudo ao considerar que a compara com a Esposa do Cântico dos Cânticos. Porém, faz severas críticas à filosofia afastada de Nosso Senhor:


“A filosofia pagã é verdadeiramente estéril; sempre a ponto de parir, mas nunca acaba de dar à luz a um ser vivo. Que fruto produziu a filosofia que esteja à altura de tão grandes dores? Não é verdade que todos os seus frutos são vazios, imperfeitos, e malogrados, como abortivos que são, antes de chegar à luz do conhecimento de Deus?”


c) Doutrina Trinitária


Quanto à sua doutrina trinitária, contribuiu muito para a proclamação do dogma da Unidade e Trindade de Deus, especialmente sobre a divindade do Espírito Santo que, segundo o santo Bispo de Nissa, procede especialmente do Filho. São Gregório escreve que o Espírito Santo, pode ser chamado também “Espírito de Cristo”.


d) Cristologia


No tocante à cristologia, salienta muito a diferenciação das duas naturezas de Cristo. Faz, porém, uma belíssima aproximação entre ambas: “enquanto o Senhor recebe a marca de escravo, o escravo é honrado com a glória do Senhor. Esta é a razão por que se diz que a Cruz é a Cruz do Senhor da glória.” Apesar de ter duas naturezas, Cristo tem uma só pessoa: “Esta é nossa doutrina: não prega a pluralidade de Cristos, como o imputa Eunômio, senão a união do homem com a divindade.” São Gregório salienta, ademais, que Cristo teve uma alma humana real, com corpo humano, pois, do contrário, não podia ter servido de exemplo para nós.


e) Mariologia


Referindo-se à Nossa Senhora, usa cinco vezes em suas obras o termo Theotókos, “Mãe de Deus” – em contraposição ao termo Anthropotókos, “Mãe do homem” –, que alguns queriam aplicar à “Mãe de Deus”. Para ele, negar a maternidade divina de Nossa Senhora é dividir Nosso Senhor Jesus Cristo.


f) A virgindade


Muito digna de nota é sua doutrina sobre a virgindade. Afirma ser esta “uma porta de acesso a uma vida mais santa”. Chega até a designar Nosso Senhor Jesus Cristo como o Arkipárthenos, o “Arquivirgem”. Apresenta, ademais, Nossa Senhora como perfeito modelo de virgindade. Contudo, o Santo Bispo capadócio lamenta-se por ter se casado e não falar deste estado de vida com toda a propriedade.


g) Vida monástica


Muito bela é sua doutrina sobre a vida monástica. Colombás assim resume este ponto da doutrina de São Gregório de Nissa:


“A vida monástica – a vida cristã seriamente vivida – é essencialmente o caminho da purificação da alma, pelo qual se aproxima passo a passo da divindade. O homem não pode realizar tão grande e penosa ascensão sem grandes esforços, sem lutar valorosamente contra as tentativas do demônio para derrubá-lo e vencê-lo, nem sem possuir a ciência (gnosis) – gnw,sij -, e a virtude (areté) – avreth//-, duas realidades inseparáveis.”


h) Antropologia


Muito estudada nos dias de hoje é a sua antropologia. Afirma ser o homem a síntese e a imagem de todo universo. Sua maior grandeza, porém, é de ser imagem e semelhança de Deus e ter recebido o próprio Verbo de Deus em sua natureza.


i) Contra Orígenes


Apesar de ter escrito contra diversos erros de Orígenes – como a doutrina da preexistência da alma, da estada dos homens nesta terra por algo feito em uma vida passada, etc. –, São Gregório compartilhou com ele a doutrina da avpokata,stasij (apokatástasis). Cumpre notar que ainda não havia sido definido pela Igreja o dogma sobre este ponto. Contudo, em algumas obras, São Gregório escreve sobre as penas eternas, com afirmações que deixam os intérpretes perplexos.


j) A oração


Para concluir, escolheu-se um ponto muito salientado por Sua Santidade, o Papa Bento XVI: o valor que São Gregório de Nissa dá à oração. Eis a citação colhida pelo Papa:


“Através da oração conseguimos estar com Deus. E quem está com Deus está longe do inimigo. A oração é sustentação e defesa da castidade, freio da ira. apaziguamento e domínio da soberba. A oração é guarda da virgindade, proteção da fidelidade do matrimônio, esperança para aqueles que vigiam, abundância de fruto para os agricultores, segurança para os navegantes.”


Por Rodrigo Fujyama - site Acadêmicos do Arautos do Evangelho


BIBLIOGRAFIA

ALBERIGO, Giuseppe (org.). História dos Concílios Ecumênicos. Tradução de José Maria de Almeida. São Paulo: Paulus, 1995.

ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia. Tradução de Monjas Beneditinas. 3.ed. São Paulo: Paulinas, 2004.


São Gregório Nazianzeno


São Gregório Nazianzeno nasceu de família nobre, em Arianzo, Capadócia, em 330. Sua mãe, Nona, era uma mulher piedosa, que consagrou-o a Deus quando o concebeu. Ela também obteve a conversão de seu marido, igualmente chamado Gregório, o qual alguns anos mais tarde, em 325, foi sagrado Bispo de Nazianzo. São Gregório estudou primeiramente na escola de Retórica de Cesárea da Capadócia; depois foi para a escola cristã de Cesárea na Palestina. Logo em seguida à Alexandria e finalmente para Atenas. Teve por companheiros de estudos a São Basílio e Juliano, o apóstata.


Depois de brilhantes estudos literários, recebeu o batismo, por volta de 358, e tomou a decisão de viver a “filosofia” monástica. Entretanto, não estava inteiramente decidido, como havia prometido, a deixar a família para reunir-se a São Basílio. No entanto, passou alguns breves períodos com este, na solidão do ermo, durante os quais ambos se aplicaram ao aprofundamento teológico, estudando os escritos de Orígenes.


No Natal de 361 foi ordenado sacerdote por seu próprio pai. Em 372, São Basílio o obrigou, por necessidades de sua política religiosa, a aceitar o episcopado na estação postal de Sásima, mas acabou não indo para esta cidade. Depois da morte de seu pai, em 374, dirigiu por pouco tempo a igreja de Nazianzo, mas logo se retira a Selêucia de Isáuria, onde ficou um tempo muito breve, pois um grupo de cristãos de Constantinopla dirigiu-se a ele pedindo que fosse àquela cidade, a fim de ajudar a reorganizar a igreja oprimida por uma série de Imperadores filo-arianos, mas esperançosa de melhores dias por causa da morte do Imperador Valente. São Gregório aceitou, passando dois anos em Constantinopla, desenvolvendo ação muito benéfica para os católicos. Ao chegar à cidade, encontrou todas as igrejas e prédios locais em mãos dos arianos, conseguindo residência apenas pelo fato de ter um parente na região. Conseguiu uma igreja que dedicou-a a Santa Anastácia. Seus sermões atraíam público sempre mais numeroso e em consequência abundantes conversões.


Em 380, no dia 24 de Dezembro, Teodósio foi aclamado Imperador. Este apoiou os católicos e devolveu-lhes os bens que estavam em posse dos arianos. Em maio de 381 o I Concílio Geral de Constantinopla reconheceu São Gregório como Bispo da capital. Aconteceu, porém, que os Bispos do Egito e da Macedônia impugnaram tal designação. E São Gregório foi obrigado a retornar à Nazianzo, onde por mais ou menos dois anos se dedicou à cura pastoral daquela comunidade cristã. Finalmente retirou-se para Arianzo a fim de se dedicar aos estudos e levar uma vida ascética. Em 390, Deus acolheu em seus braços este servo fiel, o qual, com inteligência perspicaz,


MARTIROLÓGIO ROMANO

02/01


Memória dos santos Basílio Magno e Gregório de Nazianzo, bispos e doutores da Igreja.


Basílio, bispo de Cesareia da Capadócia, hoje Nenizi, na Turquia, denominado Magno pela sua doutrina e sabedoria, ensinou aos monges a meditação da Sagrada Escritura e o trabalho na obediência e na caridade fraterna, ordenando a sua vida monástica segundo uma regra que ele próprio compôs. Instruiu os fiéis com excelentes obras escritas e dedicou-se ao cuidado pastoral dos pobres e dos enfermos. Morreu no primeiro dia de Janeiro.


Gregório, seu amigo, bispo de Sásima, depois bispo de Constantinopla, finalmente bispo de Nazianzo, também na actual Turquia, defendeu com grande ardor a divindade do Verbo, pelo que foi também chamado o Teólogo. A Igreja alegra-se com a memória conjunta destes grandes santos doutores.

(† c. 379 e 389)


2. Em Roma, São Telésforo, papa, que, segundo o testemunho de Santo Ireneu, foi o séptimo bispo sucessor dos Apóstolos e sofreu glorioso martírio.

(† c. 136)


3. No território de Córi, a trinta milhas da cidade de Roma, os santos Argeu, Narciso e Marcelino, mártires.

(† s. IV)


4*. Em Marselha, cidade da Provença, na atual França, São Teodoro, bispo, que, por se ter empenhado em estabelecer a disciplina eclesiástica, foi perseguido pelos reis Childeberto e Gontrano, que o mandaram três vezes para o exílio.

(† 594)


5*. No mosteiro de Bóbbio, na Emília, atual Emília-Romanha, região da Itália, São Bladolfo, presbítero e monge, discípulo de São Columbano.

(† c. 630)


6. Em Milão, na Lombardia, também na Itália, São João Bom, bispo, que restaurou a sede episcopal desta cidade, precedentemente transferida para Génova por causa dos Lombardos. Pela sua fé e boas obras agradou a Deus e aos homens.

(† c. 660)


7*. No território de Tulle, na Aquitânia, na atual França, São Vicenciano, eremita.

(† 672)


8*. Em Limerick, na Irlanda, São Mainquino, que é venerado como bispo.

(† s. VII)


9. No mosteiro de Corbie, na Gália Ambianense, hoje território de Amiens, atualmente na França, Santo Adalardo, abade, que tudo fez para que cada um tivesse o suficiente, isto é, nem gozassem do supérfluo nem vivessem na penúria, mas todos se dedicassem diligentemente ao louvor de Deus.

(† 826)


10*. Em Maurienne, na Sabóia, atualmente também na França, Santo Airaldo, bispo, que, tanto na solidão de Portes como na sede episcopal de Maurienne, associou à prudência e governo pastoral a austeridade e os costumes cartusianos.

(† 1146)


11*. Em Troína, na Sicília, região da Itália, São Silvestre, abade, que seguiu a disciplina dos Padres orientais.

(† s. XII)


12*. Em Forli, na Emília, hoje Emília-Romanha, na Itália, o Beato Marcolino Ammáni, presbítero da Ordem dos Pregadores, que, tanto no silêncio e na solidão, como no serviço dos pobres e no cuidado das crianças, passou toda a sua vida na mais humilde simplicidade.

(† 1397)


13*. Em Soncino, na Lombardia, também na Itália, a Beata Estefânia Quinzáni, virgem, irmã da Ordem Terceira de São Domingos, que se dedicou intensamente à contemplação da paixão do Senhor e à formação cristã das jovens.

(† 1530)


14*. Em Angers, na França, os beatos Guilherme Repin e Lourenço Batard, presbíteros e mártires, que, durante a Revolução Francesa, foram decapitados por causa da sua fidelidade à Igreja.

(† 1794)


15*. Em Lachine, cidade do Quebec, província do Canadá, a Beata Maria Ana (Maria Ester) Soureau-Blondin, virgem, que, embora sem instrução na sua juventude, fundou a Congregação das Irmãs de Santa Ana para formação dos filhos dos agricultores, dando sempre nesse ministério um exemplo insigne de educadora da juventude.

(† 1890)

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